Um dia na vida de uma especialista em línguas \o/
- Emily Bandeira
- há 57 minutos
- 3 min de leitura
"Com grandes poderes vem grandes responsabilidades", ela acordou se sentindo o homem-aranha hoje

O dia começa cedo já que não li os emails que deveria ter lido para a reunião das 09h sobre consultoria linguística. Eu e mais uma parceria nerds das línguas (Inès!) vamos escrever uma proposta de consultoria para uma confederação de ONGs europeias que trabalham com advocacy e incidência política.
Isso significa discutir sobre a escrita da proposta, metodologias, unir referências, pensar em cronogramas, etc, etc.
Também implica em começar o dia com o grupo do whatsapp cheio de referências de guias e manuais linguísticos que possam parecer particularmente importante para o contexto europeu.
Vou correndo atrás de ler os emails, dar uma olhada nos manuais.
E aí escapo sorrateira pra minha yoguinha (hihihi)

Volto a tempo da reunião. Faço o café conversando sobre a consultoria.
Uma discussão que voltou ao meu cerebrinho com a perspectiva dessa consultoria foram as reflexões inquietas de sempre sobre o termo
"Global South"
Minha parceira defende a substituição do termo para"Global majority". Eu me embanano toda por dentro, sinto as vísceras mexendo mesmo. Essa questão, sobre como nos representar me pega há muitos anos.
A única vez que entrei numa discussão online foi para discutir sobre o uso do termo Global South, juro.
Então decido que preciso estudar.
Começo a ler "The inclusive language field guide" da Suzanne Wertheim (muito bom até agora) e por via das dúvidas pergunto em um grupo de tradução feminista que participo o que a galera pensa sobre essa mudança e esses termos.
O que é excelente, a discussão rende no grupo e, de repente, temos acessos a excelentes novos textos sobre o tema. Dale estudar.
Leio um primeiro texto da Spivak precisamente sobre o uso do tema ("How Do We Write, Now?") Bom demais.
Ainda tenho muito mais a estudar antes de dar qualquer parecer sobre o termo.

Mas não posso ficar lendo textos sobre decolonialismo linguístico, infelizmente, tenho tarefinhas a cumprir.
Eu nunca escrevi nada sobre isso aqui porque eu sou muito ruim de atualizar as coisas também (respeitem meus desvios para escrever sobre figos ao invés de meus projetos megalomaníacos linguísticos rs)
BZZZBZZZ
No meio de tudo perguntam se estou disponível para uma interpretação amanhã
Espanhol <-> Português.
Sim! Estou!
De volta aos projetos importantes então, aos que geram cosquinha na barriga hehe. O trabalho do dia trata-se de conseguir financiamento para um projeto de ensino de inglês para jovens comunicadores da rede de coletores de sementes do Xingu <3
Quando isso der certo, espero ter muito a escrever por aqui, mas por enquanto a labuta é menos fofura-de-construção-pedagógica-e-linguística e mais vamos-conseguir-esse-dinheiro-para-ess-projeto-acontecer rs
Tudo bem, escrever edital parece ser parte
Deixo uma playlist de psicodelia nordestina tocando por trás (porque descobri Jarbas Mariz ontem e gostei bastante)
Moraes Moreira canta sobre sua boca e eu penso com carinho na Boca em que trabalho e em tudo que ando fazendo
A música é o movimento impulsor para parar tudo, me distrair um pouco e vir aqui escrever para seguir mais fofa nessa tarde de trabalho :3
Escrever edital é treco chato, mas no meio da escrita, encontramos coisas bonitas

"This is a language learning process centered on activism"
Do mesmo jeito lá daquele meu poeminha d'eu chupando caju:
soube que algo estava certo.
E agora retorno às escritas do sonho. Orgulhosa de poder me construir um dia mais dedicado às línguas <3 (esse já era o sonho antes, vale lembrar)
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